Nosso dever é o voto consciente. Não se omita!

Estava pensando sobre o tema deste artigo quando deparei com a conhecida frase de Arnold Toynbee: “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam”. A lição do economista que viveu no século XIX veio consolidar minhas ideias a respeito das eleições que tomarão conta do Brasil neste domingo.

Em primeiro lugar, preciso dizer que Toynbee não foi apenas um frasista de ocasião, alguém que, num momento de inspiração, criou um conceito original e preciso a respeito da política e, por consequência, da importância do voto consciente numa eleição como a que teremos no dia 3 de outubro.

Arnold Toynbee foi um economista inglês que morreu muito jovem, antes de completar 31 anos de idade. A despeito da curta existência, conseguiu produzir um trabalho de grande valor que envolvia história econômica, compromisso e desejo de promover melhorias nas condições de vida das classes sociais mais baixas. Autor de reflexões de cunho social das mais apaixonadas, o jovem opunha-se firmemente à perspectiva da Economia como mero raciocínio analítico.

Toynbee viveu numa época e num país com democracia e processo eleitoral de características muito diferentes do que conhecemos no Brasil – cite-se, por exemplo, a presença da rainha, do príncipe consorte, dos príncipes herdeiros, dos duques, dos barões e da Câmara de Lordes, que apenas servem para manter uma casta privilegiada eternamente no poder. Mesmo em contexto tão peculiar, o jovem economista percebeu como era importante a participação dos cidadãos comuns na vida política, pelo menos para atenuar as desigualdades e permitir melhores condições de vida a essas pessoas.

Mais de um século mais tarde – na verdade, quase um século e meio desde a morte prematura de Toynbee –, eis que vejo como se aplica ao nosso momento o pensamento político do economista inglês. É chegada a hora de elegermos um novo presidente da República, novos governadores, novos senadores, novos deputados federais e estaduais – no nosso caso, distritais. Trata-se de sistema democrático muito mais amplo do que o que Toynbee conheceu na Inglaterra vitoriana, que perdura ainda hoje, inabalável, na ilha europeia. Isso sem contar que, dentro de dois anos, seremos novamente chamados às urnas, para escolher prefeitos e vereadores que governarão os 5.564 municípios brasileiros por quatro anos.

Vejo as eleições como momento de grande responsabilidade para todos os brasileiros. E é aí que entra Toynbee: o que mais me preocupa é justamente a possibilidade de, dados os últimos acontecimentos na política, a omissão, o desencanto ou mesmo a raiva do eleitor resultar em um quadro ainda pior do que o atual.

Parece óbvio, mas não custa repetir: para evitar que nossa democracia continue refém da corrupção, é preciso refletir muito antes de votar. Mais do que nunca, é necessário buscar o voto consciente, sem jamais optar pela abstenção ou pelo voto nulo, pior solução possível. A eleição é uma das duas formas de ingresso na carreira pública asseguradas pela Constituição de 1988. A outra, claro, é o concurso público, instituto também estabelecido em nossa Carta Magna e cujo caráter democrático é idêntico ao do voto popular. Pela eleição e pelo concurso público, são selecionados os cidadãos a quem caberá, de um lado, elaborar as leis, as normas, os códigos, enfim toda a legislação indispensável à sociedade em que vivemos, e, de outro, executá-la.

Compreendo perfeitamente as razões pelas quais a decepção toma conta de muitos cidadãos de bem. Convivemos com inúmeros escândalos e atentados à democracia, praticados por muitos dos políticos que receberam nossos votos nas últimas eleições. Mas até mesmo um gigante do pensamento universal, o genial Rui Barbosa, passou por crise semelhante, resumindo todo o seu desencanto de forma lapidar: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

Felizmente, apesar de toda a decepção por que Rui também passou em seu tempo – tal como nós estamos passando hoje –, ele não abandonou o caminho do bem nem desistiu, até o fim da vida, de lutar pelos princípios da moralidade, da honestidade, da honra e da virtude. Talvez por isso mesmo – dada a frequência com que políticos indignos assomam ao poder – não tenha conseguido tornar-se presidente da República, cargo para o qual, em teoria, esses princípios configuram requisitos de investidura.

Todos devemos seguir o exemplo de Rui Barbosa. Precisamos superar a decepção, para cumprir o dever de cidadão, exercido por meio do voto. Não temos o direito de nos iludir por eventuais fenômenos do marketing, que, como sempre, surgem nas pesquisas como recordistas de votos.

Não podemos deixar – especialmente nós que defendemos a via democrática do concurso – que alguns candidatos ingressem na carreira pública mediante artifícios que muitas vezes a própria lei não conseguiu enquadrar, mas são claramente uma fraude à vontade do eleitor. A revolta que isso suscita já foi expressa em outras ocasiões com o voto de protesto, cujo exemplo mais famoso é o da “eleição” do rinoceronte Cacareco para vereador, no ano 1958.

Caro eleitor, especialmente você, concurseiro: não se deixe enganar. Lembre-se do ditado árabe: "Se você me engana uma vez, você é culpado; se me engana duas vezes, o culpado sou eu."
 
GRAN VOTO NESTAS ELEIÇÕES!!!
J. W. GRANJEIRO
Diretor-Presidente do Gran Cursos

www.professorgranjeiro.com
http://twitter.com/JWGranjeiro

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Carolina Oliveira

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2 Caprichosas :

  1. Eh hoje o grande dia, ja votou, acho que vou de tarde la pelas 4 horas q eh a hora mais vazia aqui do meu bairro.

    Bjos

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  2. Votei com consciência. Pensando no futuro do nosso país. Que Deus "possa" continuar abençoando nossa Nação.

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