Meditação - Mergulhe no silêncio

Longe do barulho, vivemos experiências únicas. Refugiados em nosso templo interior, nos conectamos com nossa essência verdadeira e deixamos que a calma penetre em todo o ser.

Texto • Marilda Varejão

Você já mergulhou no silêncio alguma vez? É assim: quando o barulho dos moradores vizinhos acabar e eles desligarem a TV para se deitar, você recolhe o que estiver espalhado pela sala, abre as janelas para renovar o ar, senta naquela poltrona mais gostosa, respira fundo e se entrega a ele.

Nessa hora, parece que o relógio anda mais devagar, a mente se aquieta e, em nossa imaginação, tudo acontece em câmera lenta . É como se as imagens do dia tivessem sido filmadas devagarinho e as nuvens carregadas ido embora, para que as estrelas possam brilhar na calma da noite.

Uma estranha sensação vai tomando conta dos sentidos e dos pensamentos, que acontecem em outro ritmo e não nos angustiam: porque não os retemos, simplesmente desfilam a nossa frente. De repente, não nos apegamos a nada nem a ninguém. Embora vejamos tudo de forma ainda mais real, já que, aos poucos, nos tornamos um uno com o todo. Os móveis continuam sendo o que sempre foram, mas como que ganham vida e respiram no mesmo compasso que nós.

Com a mente sossegada, vivemos experiências únicas e enriquecedoras. Muitos só conseguem vivenciar um momento desses saindo de casa e viajando para um lugar tranqüilo, onde mudam a rotina e abandonam os problemas. Hoje, há inúmeros espaços onde se pode buscar o contato maior com a natureza e com nosso íntimo: desde spas, que prometem a boa forma associada ao relax mental, até mosteiros e templos, que oferecem a possibilidade de retiro espiritual para leigos. Mas tudo isso exige disponibilidade de tempo e dinheiro, o que dificulta o processo.

Você é o seu próprio refúgio
Cultivar o silêncio não é das coisas mais fáceis no mundo em que vivemos. Exige mesmo todo um aprendizado. Os resultados compensam: em silêncio, nos conectamos com os desejos mais profundos e nos tornamos íntimos desse mensageiro da paz. Não é à toa que dizem que a fala é de prata e o silêncio de ouro.

Nas comunidades budistas, no final da meditação noturna, é praticado o "nobre silêncio" até a manhã seguinte. Fazem isso para que o silêncio e sua calma penetrem no corpo e na mente, ou seja, em todo o ser. Caminha-se para o quarto calmamente, tomando consciência de cada passo dado, da respiração, da quietude. Ninguém fala com as pessoas ao lado, pois toda a sangha (comunidade) tem o mesmo objetivo: a busca da paz. Nessas horas, alguns saem para curtir o frescor da noite, entrar em contato com as árvores e as estrelas por uns 15 minutos. O tempo necessário para relaxar e chamar o sono.

Ao acordar, os movimentos são realizados de forma silenciosa, para que cada um vá tomando consciência da própria respiração e assim despertando para mais um dia. Ao cruzar umas com as outras, em vez do tradicional "bom dia!", as pessoas simplesmente juntam as palmas das mãos em sinal de saudação. É evidente que em sua casa você não vai agir como num mosteiro budista. Mas será muito bom se adotar o hábito de acordar silenciosamente, para tomar consciência da respiração e do milagre da vida. É nessa hora que devemos mentalizar as ações que vamos empreender ao longo do dia. Focando a atenção nos atos que vamos praticar, tanto na vida pessoal quanto na profissional, fazemos tudo mais bem-feito e, conseqüentemente, com mais chances de êxito. O mestre hindu Paramahansa Yogananda ensinou o valor do silêncio, que é praticado em retiros de três dias no Self-Realization Temple, um templo fundado por ele em uma cidadezinha próxima a San Diego, na Califórnia. Para os discípulos de Yogananda, o caminho da auto-realização é feito de coisas muito simples: corpo limpo (por meio de uma alimentação saudável, na qual se come apenas o essencial), mente vazia dos pensamentos que atordoam, para que possamos conversar com Deus, e alma lavada, pela prática do silêncio e da meditação.

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Carolina Oliveira

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